O lixo da sua cidade, uma vez que é coletado, vai para um aterro ou fica exposto a céu aberto?
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os lixões dos municípios deveriam ter chegado ao seu fim em 2014. No entanto, no ano seguinte, o prazo foi renovado pelo Senado para o ano de 2021. E com a pandemia, ainda não há uma previsão de quanto a atividade, de fato, será encerrado.
Hoje, de acordo com a maioria dos protocolos ambientais e de segurança, o local mais propício para se destinar o lixo é em um aterro sanitário. Mesmo assim, os lixões ainda são uma realidade do nosso país e não podemos fugir deles. Então, chegou a hora de entender definitivamente qual é a diferença entre lixão e aterro sanitário.
Um aterro sanitário é o local onde são destinados os resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados pela população. Nele, o resíduo recebido é depositado sobre materiais de impermeabilização do solo e das águas subterrâneas e o chorume gerado é encaminhado para as lagoas de tratamento e, em seguida, é levado para as estações de tratamento de esgoto. Assim, tanto o solo quanto o ar e a água são protegidos contra os impactos que os resíduos gerariam caso fossem depositados em áreas sem proteção e controle. Dentre esses impactos, estão a poluição do ar, da água e do solo, além da atração de vetores de doenças.
Ao contrário dos aterros sanitários, os lixões são a forma inadequada de dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo. Nesses locais, não há nenhuma impermeabilização, sistema de drenagem de lixiviados e gases e cobertura diária do lixo, além de serem, muitas vezes, locais clandestinos. Assim, o resíduo depositado fica a céu aberto, causando impactos à saúde pública e ao meio ambiente, sendo comum encontrar vetores de doenças e outros animais. Nos lixões também é frequente a presença de pessoas excluídas socioeconomicamente, inclusive idosos e crianças trabalhando como catadores em condições precárias e insalubres, apresentando-se como uma falsa solução à população.
O maior desafio hoje da nova gestão de resíduos é a capacidade dos aterros. Os lixões são ilegais e estão sendo desativados. Quando se encerra a disposição irregular, você tem de ter uma forma de disposição final para os rejeitos. Mas como muitos deles estão chegando perto de sua capacidade máxima, o desafio é enviar o mínimo possível para esse aterro sanitário. Apenas os lixos úmidos e rejeitos devem ir para o aterro sanitário e devemos, cada vez mais, reaproveitar aquilo que pode ser reciclado.
Grande parte do resíduo gerado nas cidades é formada por materiais recicláveis e, por isso, antes de ir para o aterro, parte dos recicláveis deveria ser coletada pelas associações de catadores cadastradas. Dessa forma, o volume de resíduo depositado no aterro se tornaria muito menor, o que aumentaria sua vida útil. Além disso, as condições de trabalho e remuneração nessas associações são adequadas e seguras para cada cidadão, contribuindo para a geração de renda e emprego. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAP), as associações de catadores foram responsáveis pela redução de um acumulado de 65 mil toneladas de gases que contribuem com as mudanças climáticas entre os anos de 2017 e 2018.
Vivendo em uma sociedade altamente consumista, é inadiável a necessidade de se conscientizar sobre os recursos ambientais e a reutilização dos materiais recicláveis para que possamos diminuir a geração de resíduos sólidos e, assim, aumentar a vida útil do aterro sanitário.